Se você quiser uma imagem de sua aparência em 30 anos, dizem aos jovens, olhe para seus pais. O mesmo princípio é verdadeiro para a astronomia, onde os cientistas comparam estrelas semelhantes em diferentes faixas etárias para ver como elas progridem.
Temos um interesse especial em aprender como o Sol ficará em alguns bilhões de anos porque, você sabe, é a principal fonte de energia e vida na Terra. O recém-descoberto HIP 102152 pode nos dar algumas pistas. A estrela é quatro bilhões de anos mais velha que o Sol, mas tão próxima em sua composição que os pesquisadores a consideram quase como uma gêmea.
Os telescópios existem há apenas alguns séculos, tornando difícil projetar o que acontece durante bilhões e bilhões de anos pela vida de uma estrela. Temos cerca de 400 anos de observações sobre o sol, por exemplo, que é uma fração minuciosa de sua vida útil de 4,6 bilhões de anos até agora.
"É muito difícil estudar a história e a evolução futura de nossa estrela, mas podemos fazer isso caçando estrelas raras que são quase exatamente iguais às nossas, mas em diferentes estágios de suas vidas", afirmou o European Southern Observatory.
O Very Large Telescope do ESO - guiado por uma equipe liderada por Jorge Melendez, da Universidade de São Paulo - examinou o HIP 102152 com um espectrógrafo que dividiu a luz em várias cores, revelando propriedades como composição química. Na mesma época, eles examinaram 18 Scorpii, também considerados gêmeos, mas mais jovens que o sol (2,9 bilhões de anos)
Então, o que podemos prever sobre o futuro do Sol? Uma coisa intrigante cientistas tem sido a quantidade de lítio em nosso companheiro estelar mais próximo. Embora o Big Bang (o começo do universo) tenha criado hidrogênio, hélio e lítio, apenas os dois primeiros elementos são abundantes no sol.
HIP 102152, ao que parece, também possui baixos níveis de lítio.Por quêainda não está claro, observa o ESO, embora "vários processos tenham sido propostos para transportar lítio da superfície de uma estrela para suas camadas mais profundas, onde é então destruído". Observações anteriores de jovens estrelas parecidas com o Sol também mostram níveis mais altos de lítio, implicando que algo muda entre a juventude e a meia-idade.
O gêmeo mais velho do nosso Sol pode hospedar outra descoberta: pode haver planetas do tamanho da Terra circulando a estrela. As propriedades químicas do HIP 102152 mostram que ele tem poucos elementos que você vê em meteoritos e planetas rochosos, o que implica que os elementos estão "presos" em corpos próximos à estrela. "Esta é uma forte dica de que o HIP 102152 pode hospedar planetas rochosos terrestres", afirmou o ESO.
Melhor ainda, observações separadas mostraram que não há planetas gigantes próximos à estrela - deixando espaço para planetas do tamanho da Terra florescerem.
A pesquisa está disponível em uma edição recente da Astrophysical Letters.
Fonte: Observatório Europeu do Sul