Esta ilha remota do Atlântico está sendo coberta por uma 'crosta' de lixo plástico

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A poluição por plásticos está rapidamente se tornando um elemento dos oceanos da Terra, presente em todos os lugares, desde as trincheiras mais profundas até as tripas de aves marinhas que voam sobre as ondas. Agora, um estudo publicado na edição de outubro de 2019 da revista Science of the Total Environment mostra que um novo tipo de poluição marinha por plásticos poderá em breve pintar as praias do mundo de azul escamoso.

Os autores do estudo chamam esse tipo de poluição anteriormente desconhecido de "ferrugem plástica" - essencialmente, manchas de plástico duro, azul e branco endurecidas nas superfícies rochosas onde a terra e o mar se encontram.

Enquanto pesquisavam recentemente as praias da Madeira, uma ilha no Oceano Atlântico, a sudoeste de Portugal, os pesquisadores descobriram que pedaços distintos de ferrugem plástica revestiam aproximadamente 10% das rochas pesquisadas. Esse foi um aumento significativo na cobertura de ferrugem plástica em comparação com uma viagem de pesquisa anterior na ilha apenas três anos antes.

Uma análise química das crostas revelou que elas eram feitas de polietileno, um plástico extremamente comum frequentemente usado em recipientes descartáveis.

"É provável que as 'ferrugens plásticas' sejam originárias de materiais de embalagem (por exemplo, sacolas plásticas de uso único), mas são necessários mais testes para confirmação", escreveram os autores em seu estudo.

O autor principal do estudo, Ignacio Gestoso, ecologista marinho do MARE - Centro de Pesquisas Marítimas e Ambientais da Madeira, disse ao Earther.com que a crosta provavelmente resultou de grandes pedaços de plástico batendo contra a costa ao longo do tempo, acumulando-se gradualmente nas rochas como algas.

Infelizmente, também como as algas, a crosta já pode estar entrando na cadeia alimentar marinha, graças a uma espécie de pequeno caracol faminto chamado Tectarius striatus. O molusco geralmente se alimenta de algas nas rochas à beira-mar, mas Gestoso e seus colegas descobriram os caracóis rastejando sobre quase tantas superfícies revestidas de ferrugem quanto as não poluídas.

Não está claro se os caramujos estavam "pastando" nas ferrugens plásticas, escreveram os pesquisadores, mas a possibilidade não pode ser descartada, pois estudos anteriores descobriram espécies semelhantes de caracóis incapazes de distinguir algas limpas de algas cobertas por microplásticos. Se os caracóis estão realmente absorvendo um pouco de ferrugem plástica durante a ceia, isso pode representar uma nova maneira pela qual os microplásticos entram na cadeia alimentar marinha, escreveram Gestoso e colegas.

Embora o fenômeno da ferrugem plástica tenha sido observado até agora em apenas uma ilha, infelizmente não é a primeira nova forma de lama híbrida de sedimento plástico a aparecer nas praias nos últimos anos. Em 2014, pesquisadores no Havaí notaram que o lixo plástico, derretido pelas fogueiras, se combinara com pequenas rochas de praia e fragmentos de lava para formar um novo tipo de rocha que eles chamavam de "plastiglomerado". Essas quimeras da rocha do lixo provavelmente estão presentes em praias de todo o mundo, descobriram os pesquisadores, e podem gravar nossa era atual de poluição plástica no registro geológico da Terra.

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